8.12.08

Valêncio Xavier



Morto na sexta-feira passada em Curitiba, aos 75 anos, o escritor Valêncio Xavier, que entrevistei por telefone em 1998, para o caderno “Magazine”, do jornal O Tempo, me pareceu, ao longo daqueles dois ou três longos telefonemas, um sujeito deveras maçante, valha a verdade. Essa impressão ruim foi confirmada, naquele mesmo ano, aqui em Belo Horizonte, durante a Bienal Internacional de Poesia, da qual fui um dos curadores – e ele, um dos convidados. Gostava e gosto tanto da obra dele, todavia, que, em 2001, aceitei com prazer o convite do caderno “Idéias”, do Jornal do Brasil, para resenhar o (excelente) livro Minha mãe morrendo e O menino mentido. Alguns anos mais tarde, um amigo paranaense, escritor, me contou que Valêncio, além de tudo, era dono de um grande sortimento de piadas racistas. Pensei, sem dizer nada: procede. Mas mantive o propósito de republicar o texto sobre o livro dele na minha coletânea de ensaios, Palavras a olhos vendo - Escritos sobre escritas (leia aqui), a sair Deus sabe quando. Conto isso para redizer o óbvio: que o escritor, diante de sua obra, se esta de fato merece ser chamada de literatura, é um mero detalhe. Valêncio Xavier foi um escritor muito acima de suas idiossincrasias pessoais. E da bobajada que se publica neste país de escribas autocomplacentes.

Um comentário:

marcelo sahea disse...

O homem é um mero cavalo do verbo, meu amigo. um mero cavalo do verbo.